sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"eu já te escrevi mil cartas..."

Você se foi. Não há palavras graciosas que embelezem esse fato nem metáforas profundas que ilustrem o vazio. Você se foi. Simples, direto, seco. Não quero dúvidas, enrolações, sutileza em minha fala. Quero a verdade.
Num piscar de olhos, anos passaram e acabamos por nos acostumar com a distância, mas a verdade - real e indiscutível - é que você não está aqui, na minha vida. Confesso um desejo de mudar a verdade pois não quero admitir que seguimos caminhos distintos. Sua ausência já virou rotina, não mais te espero chegar em casa, passar pela porta e me abraçar com um beijo na bochecha perguntando como foi meu dia.
Os pequenos momentos e as novas experiências ficam na memória por mais tempo e ajudam a formar quem somos hoje. Neles amadureci, aprendi, descobri; com elas superei, amei, lutei. E assim vivi.
Vivi, e você não estava aqui.
Simples, direto, molhado.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

"For all the love I found in you I'll be forever thankful" by Celine Dion

Ela balançava seu corpo livre e indiferente àqueles ao seu redor, ao salão cheio, a tudo e todos. Naquele instante só o que ouvia era a batida e a melodia, respondendo-os de forma leve e ritmada numa sintonia quase perfeita.
De olhos fechados, absorvia a atmosfera da festa. A banda, no palco, animava a pista quente e suada, enquanto parentes, nas mesas, conversavam entre goles de cerveja gelada e garfadas do jantar. A música mudava, mas ela nem sentia. Seu corpo automaticamente se adaptava ao novo estilo e continuava a balançar.
Enlouquecida pela batida, seus pés em sandálias de salto alto movimentavam-se de um lado para o outro, seus braços percorriam sua silhueta levantando um pouco seu vestido, passavam sob a cabeça e agarravam seus cabelos numa tentativa desperdiçada de se controlar.
Sua mente, finalmente, estava vazia. Não pensava em nada, não tinha preocupações, horários, datas. Seus compromissos foram adiados para o final da música, interminável até o último segundo. A melodia então a dominava, fazia-a apaixonar-se, declarar seu amor, seu ódio, sua alegria, sua história em alto som, gritando para o ar seus segredos e aventuras recém adquiridos. Estava suada, despenteada, com cara de louca, mergulhada em um mundo de um único habitante: ela. De repente, sente um toque hesitante no ombro e seu mundo aumenta. Ajeita o vestido e o cabelo discretamente, observa a sua volta e despede-se silenciosamente da festa, pega sua bolsa na mesa e parte em direção a porta. Novamente um toque no ombro, dessa vez mais confiante.
"Espere por mim." A voz suave entra em seus ouvidos mais alta do que a música de fundo. Surpresa, ela pára sem conhecimento de suas ações. Seus dedos se entrelaçam e um aperto de leve, carinhoso lhe diz que é seguro.
"Obrigado por ter vindo." Ela vira em direção a voz, reconhecendo seu interlocutor e sorri para ele. Lembra de seu corpo dançando junto ao dela, de suas mãos firmes em sua cintura, de seu cheiro hipnotizante, seu sorriso, seus olhos, seus lábios. Aproxima-se cuidadosa, com medo de assustá-lo, acaricia seus cabelos curtos e escuros e apoia a mão em seu peito, sentido seu coração bater eufórico.
Fecha os olhos, inspira. Expira. O cheiro dele parece flutuar diante dela, como algo físico que ela pudesse pegar e guardar para sempre. Inspira mais uma vez, armazenando-o na memória. Abre os olhos devagar, temendo a realidade. Ele ainda está ali.
"Obrigada por ter me convidado." Seus lábios se encontram por não mais do que 3 segundos, o que não é suficiente. Se afastam e continuam a caminhar até o carro; ele abre a porta para ela e entra em seguida. Abraçados, o caminho de volta é rápido demais e logo estão na frente da casa dela. Novamente ele abre a porta e a ajuda a sair, seus olhos se fundem num pensamento igual.
"Boa noite."

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Não duvide do amor que existe dentro de você

entre o sorriso, lágrimas que escorrem dos olhos inchados.

A amizade, quando verdadeira, é um sentimento tão grande que muda nosso humor para o que melhor atende nosso amigo. Aquele que precisa de ajuda quando está mal, triste, solitário; Aquele que precisa de alguém pra contar as novidades, dividir a alegria; Aquele que precisa de um guardador de segredos, um porto seguro para suas inseguranças, medos, confidências; Aquele que precisa de conselhos sobre a vida, amor, família e até outros amigos.

lágrimas pelo sofrimento do outro e pela incapacidade de consolar.

A amizade faz nascer e crescer um amor e uma confiança entre duas pessoas como só ela pode. Que não exije atração física, beijos e abraços; Que sobrevive distâncias de tempo e espaço; Que ignora defeitos e aceita qualidades, em todas as suas medidas; Que só de existir já faz toda a diferença.

um sorriso, meio despercebido, pelo carinho dado e recebido.


A amizade nos impulsiona a viver, nem que seja só mais um pouquinho, naqueles dias de agonia em que nada parece dar certo e tudo o que queremos é deitar na cama e não sair de lá nunca mais.
A amizade nos impulsiona a viver, por anos e anos pela frente, naqueles dias de descoberta de uma nova felicidade em que tudo parece paixão e nada é deixado para trás e esquecido na lembrança.
A amizade me faz escrever esse texto, chorar com o coração apertado e sorrir com a mente tranquila, pois sei que amanhã os problemas bobos ficarão no hoje e as grandes batalhas do futuro (e presente) eu não enfrentarei sozinha.


Dedicado a todos os meus amigos, a quem não digo sempre, mas amo e agradeço por tê-los em minha vida.

[frase da música "Daquilo Que Eu Chamo de Amor" - Catch Side. Recomendo]


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

"It's the snowest winter of all times!" by Fox News

Devido a minha estadia atual e ao seu tempo de duração, achei mais do que correto escrever um post sobre esse viagem comecando com a neve.

Nessa quarta-feira, dia 10 de fevereiro de 2010, ocorreu a maior nevasca da história do Estado da Philadelphia desde 1888! É, nevou muito! Em várias cidades a altura passou de 1 metro de neve. Oo

O que para nós, turistas tropicais, é a coisa mais linda do mundo *-*, para os habitantes dessa parte da América, neve não é tão boa assim. Ontem 80.000 estavam sem energia na região, ou seja, sem aquecimento em casa, as estradas e ruas ficam impossíveis para digirir, as lojas fecham mais cedo ou nem abrem, Árvores e fios de alta tensão caem por causa do peso da neve. O país para. Literalmente. As fábricas, o governo, o comércio são colocados em modo de espera (e de emergência) até parar de nevar e estabilizar a situação.

Claro que tem aqueles que se divertem também. Existe um bloco nos jornais chamado "Snowtographers" onde as pessoas enviam fotos ou videos sobre suas aventuras na neve. Crianças fazendo esculturas, bonecos, casas, fortes; guerras de bolas de neve; snowboading na traseira do carro e esquis para andar nas ruas; e tinha até uns mais malucos que retiravam a neve (para abrir a passagem da porta de casa até a rua) de short e sem camisa! uma menina saiu de biquini e pulou num monte de neve! [admito que fiquei com inveja, porque toda vez que vejo um monte grande tenho vontade de me jogar em cima].


Bom, hoje é o day after e as coisas estão começando a melhorar. Algumas escolas abriram mais tarde, apesar de boa parte ainda se manter fechada; as estradas e ruas já foram limpas pelos caminhões; muitas casas ainda estão apagadas e as pessoas ficam instaladas em abrigos gigantes com diversas outras familias.

O sol saiu logo pela manhã e derreteu a neve bem rápido. Os montes acumulados ainda persistem, mas as pequenas quantidades em cima das árvores e cercas já sumiram. O mais legal da neve é que ela demora para sumir completamente, principalmente depois de uma nevasca como essa, então pode-se brincar a vontade por vários dias e a beleza de uma paisagem forrada de branco permanece.